sábado, 4 de abril de 2009

TROVAS ALUSIVAS À INVASÃO FRANCESA (1807-9)

A ENTRADA

A entrada dos guerreiros
Foi com grande intrepidez,
Descalços de pé e perna,
Dois aqui, acolá três.

O Junot foi ao inferno
Buscar duas testemunhas,
Achou as portas fechadas,
Pôs-se a ‘sgravatar coas unhas.

Olha a condessa da Ega,
Que anda a cavalo num cão,
Pedindo ao ladrão Junot
Que lhe dê a sua mão.

Batem á porta
Do conde da Ega:
-Quem é?
-Que é do arrieiro,
Que aluga a égua
E anda a pé?

O Junot mais o Maneta
Eram dois finos ladrões,
O Junot rasgou as calças
E o Maneta os calções.

O Junot mai-lo Maneta
Fizeram uma função,
O Maneta deu o braço,
O Junot o coração.

O Junot mais o Maneta
Diz que Portugal é seu,
É o diabo para ele,
E mais para quem lho deu.

O Junot mais o Maneta
Andam em Famalicão
Ao rebusco do centeio,
Que na França não há pão.

O patife do Junot
Vinha pra nos proteger!
Veio mas foi pra nos roubar,
E pràs pratas recolher.

Já o mar anda de luto,
Também as embarcações,
Anda a guerra contra a França,
Ajuntam-se as mais nações.

O alto pinheiro da França,
Onde a tropa abarracou,
Onde houve o cruel combate,
Quando a França retirou.

Ditosa serra da Estrela,
Que os portugueses abrigou,
Onde os franceses tremeram
E o Jinó arrecuou.

De hoje em diante,
Senhor duque d’Abrantes,
Fica outra vez Jinó,
Como dantes.

Viva o rei João,
Faz o que lhe dizem,
Come o que lhe dão.

Por vós, pela Pátria,
O sangue daremos,
Por glória só temos
Vencer ou morrer.

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