quinta-feira, 26 de março de 2009

A GUERRA PENINSULAR, A LITERATURA E A BEIRA



A Guerra Peninsular, designação que se usa para o período das Invasões Francesas – que verdadeiramente foram franco-espanholas, uma vez que os exércitos franceses e4ntraram em Portugal acompanhados por forças espanholas – abrange o início do século XIX e estende-se até 1814, ano em que as tropas anglo-portuguesas puseram fim às hostilidades entrando em França, aí vencendo os exércitos napoleónicos.
Cedo se reflectiram essas invasões na Literatura portuguesa, com relevo inicial para a Poesia, tanto culta como popular, multiplicando-se, neste último caso, em centenas de produções.
Com o desenvolvimento do Romance Histórico também este período alcançou expressão os nossos maiores Autores, surgindo em obras de Camilo Castelo Branco, Pinheiro Chagas, Rebelo da Silva, Arnaldo Gama, Conde de Fialho, Alberto Pimentel, Carlos Malheiro Dias, Fonseca Benevides, Campos Júnior, Júlio Dantas, Aquilino Ribeiro, Tomaz de Figueiredo e, já no final do século XX e princípios deste , em Autores como Álvaro Guerra, Mário Cláudio, Vasco Graça Moura, Helena Rainha Coelho, José Norton, Helena Campos Henriques, João Pool da Costa, César Luís de Carvalho, Lourenço Pereira Coutinho e outros.
Refira-se, também, que escritores ingleses tão importantes como Arthur Conan Doyle, Edward Quillinan, Bernard Cornwell e C.S. Forester têm obras onde surge este período da História de Portugal.
Deverá referir-se, entretanto, como curiosidade, que houve ficcionistas nacionais que embora não tenham inserido na sua obra literária episódios ou cenas ocorridas durante a Guerra Peninsular, vieram a tratá-la em textos históricos e ensaísticos, como sejam os casos de Raul Brandão ( “EL-Rei Junot”), Abel Botelho (“ A Península Ibérica Contra Napoleão”) e João Grave (“O Passado”), para além de Pinheiro Chagas que, tendo entretanto, escrito o romance “ Os Guerrilheiros da Morte” também tratou o tema do ponto de vista estritamente histórico nas suas “ Migalhas de História Portuguesa” (1893).
Muitas edições das obras dos Autores apresentados enriqueceram-se com ilustrações assinadas por grandes Artistas, como Augusto Gomes - o maior ilustrador das obras de Arnaldo Gama, que, aliás, contaram, também, com a estimável contribuição de Isolino Vaz e Gouveia Portuense – Maria Vasconcellos – esquecida irmã de Teixeira de Pascoaes – José Garcês e José Laranjeira, além de outros.
Registe-se ainda, que o palco não se privilegiou da Guerra Peninsular ou Guerra da Independência, devendo salientar-se, apenas, a adaptação teatral de “ O Sargento-Mor de Vilar” em 1874, por Augusto Garraio – que teve êxito estrondoso – e a opereta “ A Invasão”, com letra de José Galhardo e música de Raul Ferrão, estreada em 1952 no Teatro Avenida, em Lisboa, com Mirita Casimiro e, posteriormente, muito popularizada por Amália Rodrigues através da canção “ Lisboa não sejas francesa!”.

José Valle de Figueiredo

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