quinta-feira, 26 de março de 2009

A GUERRA PENINSULAR, A LITERATURA E A BEIRA


Valeroso Milagre


“ - Fujam!...Fujam!... - era o brado aflitivo das aldeias naquele grande e luminoso dia de verão, já a milheira enchia o papo nos painços maduros, e o pintor – a poucos passos de S. Tiago, palpador de bago – andava pelas vinhas pintando.
- Fujam para o convento da Tabosa!!... para o convento da Tabosa!! – instigavam-se, uns aos outros, cego outro instinto que não fosse o da fé milenária na sombra imensa, inviolável, da casa de Deus. E os caminhos que iam bater ao mosteiro enegreceram de gente da planície e da serra, com alfaias em fardos, os filhos às cavaleiras, os velhos em padiolas, a fugir dos franceses.»

...........................................

“Insensivelmente, como um eco que vinha de fora de todas as quebradas beiroas, passava-lhe no espírito, em antinomia infamante do sinal da cruz, o corriqueiro sinal de Junot:

Ó compadre, conheces o JINÓ?
Fácil é de tirar pelo sinal:
É um francês, general,
Ladrão, usurário,
Adversário
Da Santíssima Cruz.”

Aquilino Ribeiro
In “ ESTRADA DE SANTIAGO”

1 comentário: