domingo, 15 de maio de 2011

"Evangelho de um Ateu" de João Gama

Dia 14 de Maio, às 16h, na Casa da Beira Alta, foi apresentado o livro "Evangelho de um Ateu", da autoria de João Gama. Esta obra apresenta, sob a forma de romance, uma visão apaixonante sobre o diálogo entre a Fé e a Razão. Abriu a sessão a Presidente da Direcção, saudando os presentes e agradecendo ao autor a honra da sua presença e a sua disponibilidade para se descolocar ao Porto e, particularmente, à Casa da Beira Alta. Agradeceu também a disponibilidade e generosidade do Dr. José de Melo que iria falar da obra em questão.
Para falar do autor, com conhecimento e amizade, usou da palavra o Secretário da Direcção, Dr. Ângelo Henriques. João Gama, licenciado em Filosofia, foi membro da Companhia de Jesus durante 23 anos. Tendo depois solicitado a dispensa do celibato, casa-se e dedica ao ensino da Filosofia, dedicando-se também a traduções de obras filosóficas (30 obras). A seguir, lançou-se a escrever obras de carácter mais teológico.
Concluindo a sua intervenção, o Dr. Ângelo Henriques afirmou ainda o seguinte:
"Embora viva na região de Torres Vedras, o João Gama é da Beira Baixa, de uma pequena aldeia que bordeja o Zêzere, Bogas de Baixo, a 40 Km da sede do concelho, o Fundão, terra onde abunda a esteva, planta que não obstante ser considerada uma praga, produz belas flores na Primavera criando paisagens deslumbrantes e é ela que proporciona o lume mais forte no inverno da nossa fragilidade e do nosso descontentamento. Da sua Beira Baixa, consegui trazer o João Gama à Beira Alta e, concretamente, a esta Associação Beirã cujo lema é" Só com ânimo e coragem se alcançam as alturas":
Mas , permitam-me esta alegoria, o João Gama ao escrever este livro “ Evangelho de um Ateu” já tinha andado nas Alturas, já tinha subido a Montanha pois, escrevê-lo, - foi um acto de coragem, - coragem que implicou sacrifício, disponibilidade, memória, - coragem, contra a indiferença, a mediocridade, o conformismo, as ideias feitas, e no cimo da montanha, acendeu uma fogueira com a esteva da sua vida e, docemente, murmurou-nos que, - do seu perscrutar de Deus, chegou a Cristo caminho para a transfiguração pessoal,mas também para aqueles que não conseguem responder à interpelação divina, há enormes desafios, há vitalidade espiritual que traça de modo idêntico ao dos crentes, Caminhos de Paz, de Esperança, de Fraternidade em direcção ao Sol, à Luz, com a força da Beleza, da Harmonia, da Sabedoria, que o coração de cada Homem encerra na Estrada da Vida.
Bem Hajas, João Gama".

Falou em seguida o autor, para nos clarificar tão surpreendente título" EVANGELHO DE UM ATEU", publicado já em 2008, pela Roma Editora e que despertou tantas reacções contraditórias. Segundo as suas cativantes explicações, foi devido ao facto de ter decidido sintetizar um extenso "trabalho de casa" sobre as notas que foi extraindo de diversíssimas leituras sobre o polémico tema, diálogo entre a fé e a razão, que esta obra surgiu. Falou das suas vivências, experiências felizes ou dolorosas, das suas decisões de vida, do seu percurso como Jesuíta, como capelão militar, no Porto, e do processo judiciário que então lhe foi instaurado. Por entre recordações e emoções, falou de Fé e Amizade. Citando o autor « o importante não é o que nos acontece, mas o que fazemos com aquilo que nos acontece». Terminou, desejando que a leitura do seu livro " incendiasse a alma de cada leitor".

Para nos introduzir um pouco no vasto e aliciante mundo da relação entre filosofia e teologia, razão e fé, falou o Dr. José de Melo, também ele amigo e antigo companheiro, aqui no Porto, do autor, no campo da docência da Filosofia. " Eis-nos diante da “paisagem” dramática e tensa deste saboroso Evangelho, apócrifo e canónico em simultâneo, que “narra”, da maneira mais heterodoxa possível, a odisseia do homem colocado “só e sem desculpas” perante Deus, do postigo aberto da sua pobre choupana para a Cidade do grande Infinito. E por essa brecha tanto perpassa a miséria do sofrimento, a secura da fi nitude, do pecado e da culpa, como refulge a luz quente e coada de um espectro de virtudes e de outras bondades, como se fora a rosácea da catedral de Léon, evocada a páginas tantas deste romance surpreendente e “actual”. Que o autor deveria dedicar a A. Malraux (ou a tantos demais pensadores de cá e de lá!) como prova provada de que o século XXI começa a ser o religioso que ele apostava ser tudo em vez de nada! "

1 comentário:

  1. Sessão agradável, serena que juntou vários amigos do autor e que nos veio lembrar que Deus está presente no coração de todos os Homens, mesmo daqueles que O negam.
    E nada melhor que ilustrá-lo com uma citação de Miguel Torga “ Deus. O pesadelo dos meus dias. Tive sempre a coragem de O negar, mas nunca a força de O esquecer”.
    Nota:
    A CBA tem ainda alguns livros para venda do “ Evangelho de um Ateu” a 10 Eur cada.


    Ângelo Henriques

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