domingo, 7 de março de 2010

O Rio Paiva e a sua relação com Aquilino Ribeiro

No dia 6 de Março, às 16h, realizou-se uma conferência sobre o Rio Paiva e a sua relação com Aquilino Ribeiro, proferida pelo Dr. Inácio Nuno Pignatelli. Além da assistência, esteve presente Sérgio Caetano do Movimento S.O.S. Rio Paiva. Na abertura da sessão, a Presidente da Direcção, Dra.Fernanda Braga da Cruz saudou o conferencista, professor, escritor e um defensor de causas e congratulou-se com o facto de ele estar de novo na Casa da Beira Alta depois de, em 1999, ali ter feito a apresentação do seu livro "O Paiva ou a Paiva como também lhe chamam", livro profusamente ilustrado, que retrata o rio Paiva e toda a vida em torno dele: o seu curso, as terras, as gentes. O Dr. Pignatelli, natural do Porto, Licenciado em Direito, desde muito cedo se dedicou à literatura, tendo obras publicadas no domínio da literatura infantil, da poesia, da etnografia e do teatro. Tem ainda colaborado em diversos jornais e revistas, em grupos de teatro e música popular e participado em congressos e colóquios. O seu empenhamento na preservação da natureza levou-o a prestar particular atenção aos rios e à maneira como as populações se relacionam com eles.
Iniciando a sua conferência, o Dr. Pignatelli falou-nos do Rio Paiva, afluente principal da margem esquerda do Douro, nascido na serra de Leomil, um rio típico de montanha, impoluído e de águas transparentes, rico em lugares bucólicos e tranquilos. Dividindo-o em Alto Paiva (da nascente a Castro Daire), Médio Paiva (de Castro Daire à Ponte de Alvarenga) e Baixo Paiva (de Alvarenga a Lugar do Castelo),três cursos, cada um com as suas características, o Dr. Pignatelli foi-nos conduzindo pelo traçado do rio, usando uma exposição cuidada e semanticamente rica. Inicialmente ribeiro manso nas terras de Pêra Velha, rio inconstante de leito pedregoso depois, ora nos mostra o seu lado rebelde, ora desliza calmamente em trechos idílicos.
Todo o Alto Paiva está profundamente ligado à presença de Aquilino Ribeiro e às suas obras. Aquilino retratou com a "pena de aço" que o caracterizava e também com profunda afeição, todas aquelas terras,a natureza,os rios,as montanhas e o linguajar dos seus conterrâneos: Geografia Sentimental, Cinco Reis de Gente, Via Sinuosa, Terras do Demo, Andam Faunos pelos Bosques, Quando os Lobos Uivam, o Homem da Nave e Aldeia:Terra, Gente e Bichos. Todo o Paiva acaba por estar ligado à obra de Aquilino através das viagens do Almocreve Malhadinhas, do retrato vivo sobre a febre do volfrâmio e por ter escrito, em forma de romance, na Humildade Gloriosa, a hagiografia de Fernando de Bulhões - Santo António, cujos pais eram de Castelo de Paiva.
Referindo-se ao Baixo Paiva, citou dois escritores, conhecedores e amantes do Paiva: Papiniano Carlos, com casa em Travanca, que dedicou ao rio um belo romance Rio na Treva e o Coronel Adriano Strech de Vasconcelos que escreveu Lendas do Baixo Paiva.
É difícil resumir tão interessante e sabedora intervenção. Ficam estes breves apontamentos para ilustrar.
Iniciou a participação da assistência o Dr. Octávio Abrunhosa,grande conhecedor da região do Alto Paiva, chamando a atenção para o aglomerado de espigueiros de Fráguas, a requerer alguma protecção. Falando-se da região rica em "bruxos", o Dr. Pignatelli contou, com humor, a história do Miguelão de Cabeça da Ponte, entre outras. Aproveitando a presença de um elemento do Movimento S.O.S. Rio Paiva, a dra Fernanda Braga da Cruz quis saber se o Rio Paiva ainda continuava a ser o rio menos poluído da Europa, como se diz. Sérgio Caetano informou que ainda continuava a ser um dos rios menos poluído, referindo aldeias em que os habitantes vivem no respeito pela natureza e têm um comportamento ecológico, mas alertou para alguns sinais de poluição em certos pontos. A tesoureira da Direcção, Ilda Marques, manifestou o seu agrado pela exposição clara do conferencista e salientou que, os lugares referidos: Castro Daire, Templo Românico das Siglas na Ermida(Igreja de Nossa Senhora de Riba Paiva) e Capela da Senhora do Presépio, já constavam do programa da Visita Cultural da Casa da Beira Alta a Castro Daire, a realizar a 19 de Junho.
Seguiu-se uma sessão de autógrafos.

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