terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"SÃO TOMÉ E PRINCIPE UM PARAÍSO AINDA SEM RUMO"

No dia 18 de Fevereiro, às 16h, foi apresentado o livro "SÃO TOMÉ E PRINCIPE UM PARAÍSO AINDA SEM RUMO". Ensaio crítico: um olhar sociológico entre o percurso histórico, a sua pobreza e dependência económica, da autoria de José Simões. Presidiu à sessão Ilda Marques, Tesoureira da Direcção, que saudou os presentes e agradeceu a sua presença. A apresentação esteve a cargo do Dr. Barros Cardoso que afirma que este livro representa a materialização da irrequietude do espírito que o autor transporta consigo, revelador de saberes consolidados que reclamam sempre mais e novos saberes. Para além das componentes de cariz mais sociológico, este livro enquadra-se na literatura de viagens, pela descrição das idílicas paisagens das ilhas. Ao mesmo tempo, não se coibe de lançar um olhar crítico sobre as condições menos dignas em que a sociedade santomense se orienta hoje, face aos parcos recursos endógenos do seu território.
Usando da palavra, o autor apresentou algumas ideias chave de reflexão crítica sobre S. Tomé e Príncipe. A imposição do modelo político e de desenvolvimento assente no “partido único” após a descolonização, e sem ter em conta as pessoas, o seu passado histórico sócio-cultural e experiências de vida e profissionais das pessoas, arrastou as populações para um estado de pobreza das maiores do mundo e fez exilar, ao tempo, no Gabão e na Europa, alguns dos pouco quadros que S. Tomé tinha para governar.
Decorridos trinta e tal anos após a descolonização, a população mais jovem (cerca de 70%) tem mais escolarização mas sente-se desiludida e frustrada; e os mais velhos sentem amargura e desencanto face às expectativas criadas pelas elites e notáveis políticos que lideravam o processo de independência (muitos deles continuam actualmente ligados ao poder).
A miséria grassa na generalidade da população, mas de uma forma mais acentuada na população do interior, para as quais a natureza é o único sustento mais seguro e certo.
A corrupção no seio das próprias autoridades é uma realidade reconhecida pelos governantes, mina o regime e presta-se à criação de uma “infinidade de ditadores”.
Há promiscuidade da governança nos negócios com o exterior (exportações de cacau, por ex.). Os primeiros dinheiros do petróleo da área económica de S.Tomé, não foi recebido pelos cofres do Estado.
Dos dirigentes políticos, ninguém é capaz de apresentar/enunciar quaisquer linhas que visem o desenvolvimento.
São conhecidas algumas acções no país para gerar consensos que envolvam todos os grupos sociais, políticos, cooperantes, ONGs e doadores internacionais, no sentido de se encontrar um “RUMO” para o país.
Trata-se de um paraíso oferecido aos turistas, mas as populações pouco ou nada beneficiam das mais-valias geradas no “país de sonho” vendido pelos operadores turísticos.
No final, houve intervenções por parte da assistência e seguiu-se uma sessão de autógrafos.


1 comentário:

  1. É prestigiante e motivador para os beirões e seus amigos não beirões, sentir que na centralidade mais emblemática e simbólica centralidade cultural do Porto (Sta. Catarina-Café Pajestic e Ex-Paladium[hoje ed.CA e Fnac]se situa o seu espaço de interacção cultutal e de identidade beirã! E a salientá-lo, aí estão os eventos que a Casa da Beira Alta tem promovido, organizado e acarinhado, de que são exemeplos os já concretizados neste primeiro trimestre. Ver o salão cheio, bem composto como dizem os beirões, é extremamente reconfortante para os organizadores e espicaça a cidadania individual e colectiva dos participantes para próximos eventos culturais. No que atinente me diz respeito, e porque fui um dos acarinhados para o lançamento do meu livro aqui fica o meu testemunho de reconhecimento e a manifesta vontade de colaborar em acções que notabilizem o espírito beirão no seio da comunidade tripeira. Por isso, a Direcção da Casa da Beira Alta está de parabéns.
    José Simões

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