quinta-feira, 28 de maio de 2009

Bem-haja, Dr. Nuno Lobo Antunes!

A Presidente da Direcção, inicia a sessão saudando e agradecendo a presença do Sr. Dr. Nuno Lobo Antunes:
"Um agradecimento sincero e sentido, pela sua receptividade e forma simpática com que aceitou o nosso talvez ousado e atrevido, desafio, assim como pela disponibilidade que desde logo manifestou, em estar presente, hoje aqui, entre nós, para nos falar sobre a sua recente criação literária em que "a alma fala”, como escreve António Damásio, no seu Prefácio.

Antes de mais, carísimo Dr., sinto muito..., por mais que me tenha esforçado, não ter encontrado as palavras mais adequadas para traduzir o agradecimento da sua presença aqui e agora e, muito menos, para elaborar uma tentativa de apresentação da sua pessoa a esta comunhão de admiradores. Tudo o que tentei alinhavar ficava muito aquém da sua individualidade e, daí, a minha opção pela humildade do léxico, pela ingenuidade da frase simples e pelo silêncio incontido do muito que poderia verbalizar.

Nesta comunhão de pessoas, aqui presentes, paira, de certeza, o questionamento mais que justificado: Mas, porquê o Dr. Nuno Lobo Antunes na Casa da Beira Alta?

A resposta a este questionamento silencioso poderemos encontrá-lo na spalavras do nosso ilustre convidado, quando nos dilicia com a sua criação artística onde perpassam as pessoas e os lugares que ocupam o tempo da sua história de vida, vincadamente humana e solidária, marcada pelo exercício de uma profissionalidade ao serviço do outro. Algumas das pessoas e dos lugares focalizados na sua obra demonstram um particular afecto pela Beira, nomeadamente Oliveira do Hospital, Nelas e Manteigas.
Bem-haja pelos afectos que guarda e tão ternamente manifesta sobre a Beira Alta! Nós, beirões, orgulhamo-nos por saber que considera a nossa terra uma espécie de "ALMA MATER" ou a pureza da " água que passou debaixo das suas pontes".
Mais uma vez, bem-haja "


Relembrou os cheiros, as cores, as pedras, sempre as pedras, penedos e fragas, o granito, o ranger do soalho de madeira, a braseira, a peregrinação pela província - Oliveira do Hospital, Nelas, Manteigas, as viagens de combóio pela linha da Beira Alta, vivências extraordinárias e gratas recordações.

"Foi dos melhores anos da minha vida. Em 1980 uma lotaria atirou-me para Manteigas. Jovem médico recém-formado, tinha de cumprir o que então se chamava de Serviço Médico à Periferia. (...) Não conhecia Manteigas, mas tinha uma afeição especial pela Beira, onde, em criança, passara algum tempo de férias. Citadino, sempre tinha invejado as pessoas que tinham«Terra». Sempre me achei um Jacinto sem Tormes. Por isso adoptei Manteigas e a Beira Alta como uma espécie de Alma Mater."

Deixou registado no Livro de Honra da Casa da Beira Alta: "Este é para mim um dia muito especial. Regressei à minha terra e herdei o que generosamente me quiseram oferecer. A minha gratidão de filho adoptivo desta terra." Maio 2009



Usa da palavra o Secretário da Direcção, Dr. Ângelo Henriques:
"O Livro “Sinto Muito” é , como nos lembra um título de Fernando Namora, Retalhos da Vida de um Médico, acrescentando eu… ao longe, tanto nos quadros de referência da prática clínica na Beira Interior, como na longínqua e cosmopolita Nova York, ligado ao tratamento das doenças da toxicodependência e do foro oncológico em crianças.
Contudo, nesta lonjura, é um livro perto de nós, porque perto do coração, não só pelas referências e memórias do seu país de origem, transportando restos de maresia e do sotaque das gaivotas, pelo assinalar vagaroso do pouca terra, pouca terra nas estações da linha da Beira Alta,
Mas, perto de nós, também e sobretudo, porque questionou o papel do médico que lida com situações de “fim de linha”, de dor, de impotência perante a morte que se avizinha, de histórias trágicas de famílias que vêem no médico um deus salvador na terra. Ao questionar o papel do médico, humanizou-o e deu a conhecer os diversos matizes de quando e como doente e médico partilham a mesma humanidade, a mes ma dor e angústia, quando são um só.
Virgílio Ferreira que esta Casa homenageou há 3 anos aquando do seu 50º aniversário e que foi seu professor de Português não apreciando nada as suas redacções ( mal sonhava ele que tal aluno iria editar, cerca de 40 anos depois, um livro brilhantemente escrito), Virgílio Ferreira diz-nos o seguinte no seu livro Estrela Polar:
“ O nosso passado, somos nós integrados nele ou ele em nós. Não há nele, antes e depois, mas o mais perto e o mais longe. E o mais perto e o mais longe não se lê no calendário, mas dentro de nós”.
Dr. Nuno, ao partilhar parte do seu passado com o comum dos mortais nas páginas deste livro, creio eu que conseguiu tocar e fazer reinventar o que há de melhor em cada um de nós, quando vivemos num mundo duro, problemático e carregado de horizontes sombrios.
Expresso aqui a minha profunda convicção que, só pode ter escrito este livro, quem for um homem bom, de carácter , de boa vontade, de partilha, de fraternidade, de coragem, que pressupõe também dor... passar além do Bojador e, como traduz a divisa latina do distintivo da Casa da Beira Alta no Porto, “ Coragem, só com ela se alcançam as alturas”.
Todos nós, como cidadãos do mundo, só lhe poderemos dizer duas coisas perante o extraordinário legado do seu livro:
* Uma, parafraseando o linguajar hermético dos pedreiros de Sta. Ovaia, aldeia perto de Oliveira do Hospital, terra que o Dr. Nuno bem conhece “ Da choina fusca se fez luzeiro “, ou seja, da noite escura se fez dia,
* Outra, como simples beirões, diremos apenas, Bem haja Dr. Nuno , Bem haja!"

3 comentários:

  1. Obrigada pela sua visita!É a primeira feita por alguém da Beira Alta! Volte sempre e dê-nos a sua opinião. Como reparou, é um blog acabado de nascer...dando os seus primeiros passos neste domínio fascinante da blogesfera!!
    Cumprimentos
    Fernanda Braga da Cruz

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  2. A vinda do Dr. Nuno Lobo Antunes à CBA foi prestigiante para todos. Tratou-se de uma sessão simples, íntima, abrangente, pela harmonia e doçura partilhadas que foi transbordando entre os presentes.
    Montes cobertos de urze vermelha, de giesta com a sua flor amarela e de pedras disformes , como que se uniam num fundo de paisagem solidária, aconchegante e amiga, encimada pela divisa latina da CBA " Coragem, só com ela se alcançam as alturas".
    Na hora de regresso ao lar e depois de um fraternal Porto de Honra, todos os cerca de 60 presentes tinham vivido momentos de Felicidade e de Paz e eu senti, profundamente, o Salão Nobre da CBA como se fosse um Templo de Oração.

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  3. Ainda sobre a vinda do Dr. Nuno Lobo Antunes à Casa da Beira Alta, foi com alguma triteza, embora passageira, que não vi a Imprensa Regional a fazer-lhe um tratamento minimamente adequado, mesmo no sentido da "pequena informação", depois de termos informado, com antecedência, a grande maioria dos 20 jornais que recebemos nesta Associação e de modo gratuito.
    Quando uma Casa Regional com 53 anos de vida digna e um historial de divulgação cultural ímpar, à sua dimensão, na cidade do Porto, consegue trazer às suas instalações, o prestigiado neuropediatra Nuno Lobo Antunes que em Maio /2009 (8 meses de edição)já tinha vendido mais de 80 mil exemplares, sem nunca a sua obra ter sido promocionada na Cidade Invicta, era curial e legítimo pensar / desejar que os "jornais beirões" lhe dessem um pouco de atenção e demonstrassem algum interesse.
    E teria sido a mesma situação se fosse o António Lobo Antunes, irmão mais velho?
    Uma palavra de apreço especial e a quem a Direcção já agradeceu: aos jornais , Notícias de Gouveia, Pinhel Falcão e Voz de Lamego que contrariaram as atenuantes da não publicação nestes casos - espaço para publicidade o mais possível e a primazia ao noticiário regional.
    Um agradecimento muito sincero ainda ao jornal Praça Alta de Almeida que, reconhecendo a qualidade e o interesse do nosso jovem Blog (traduz as actividades da Casa da Beira Alta), adicionou o respectivo "link" ao Blog do jornal Praça Alta.

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