Casa da Beira Alta: dezembro 2009

O dia 12 de Dezembro foi dia grande na Casa da Beira Alta!
Às 16h, a Casa da Beira Alta encheu-se de gente para participar na homenagem a Manuel António Pina, o Beirão, o Homem, o Escritor. Abriu a sessão a Presidente da Direcção Drª Maria Fernanda Braga da Cruz que, após saudar os presentes e agradecer a sua presença, explicou que há muito a Direcção da Casa da Beira Alta tinha intenção de realizar uma sessão dedicada a Manuel António Pina, natural do Sabugal, Beira Alta, eminente figura da literatura portuguesa, escritor, poeta, cronista, jornalista, e manifestar o reconhecimento que tem pela sua vasta obra literária, traduzida em várias línguas e já tantas vezes premiada. Era entender da Direcção que devia ser ali, no coração da cidade do Porto e na Casa que representa as origens do escritor, que este beirão-portuense, ou este portuense-beirão, devia ser homenageado, num espírito beirão, simples e sincero , característico da Casa da Beira Alta.

Seguiu-se a douta e cativante intervenção do Prof. Dr. Arnaldo Saraiva que falou do Amigo, do Homem e da sua obra literária. Assumindo-se como beirão baixo (da Beira Baixa), o Prof. Arnaldo Saraiva declarou ser o homenageado "um bom companheiro" e uma e várias pessoas ao mesmo tempo "todos os lugares que conheci, todos os lugares que visitei". "Nasci em 1943, numa terra à beira dum rio, com um castelo muito grande", o Sabugal, como refere numa nota autobiográfica. Falou do percurso do escritor por diversas localidades até chegar ao Porto, aos 17 anos, dos vários prémios que recebeu, das quatro dezenas de obras, das centenas de textos dispersos e da sua mais recente produção, a narrativa dramática HISTÓRIA DO SÁBIO FECHADO NA SUA BIBLIOTECA(2008). A obra de Manuel António Pina estende-se pelo teatro,pela literatura infanto-juvenil, pela poesia e pela crónica. Realçou a sua sólida formação teórico-crítica, literária e filosófica, o gosto do paradoxo , de brincar sério com as palavras, o gosto de poetisar o prosaico ou despoetisar o poético e da sua ironia. Referiu o bom humor habitual do homenageado, o seu hipocondrismo, a sua qualidade de sportinguista e a sua intimidade com os bichos, em particular com os gatos.

Seguidamente, alguns dos presentes (membros da Direcção, associados, uma actriz e um actor) leram vários poemas do escritor e ainda duas pequenas crónicas da sua coluna de opinião no Jornal de Notícias.

Em seguida, falou o homenageado.Começou por se declarar embaraçado com tão calorosa homenagem, disse que sentia que tinha estado a ouvir falar de outra pessoa, que não dele. Que ficava com uma enorme dívida para com a Casa da Beira Alta. Depois, na sua maneira afável e inteligente de contar pormenores da sua vida, falou do amor, da morte, do antes e do depois. Confessou que esta homenagem o tinha feito sentir as suas raizes beirãs e afirmou que "a vida é como um rio que corre para a nascente, em lugar de correr para a foz"; sentia o peso da terra, da beira, da origem e o calor dos amigos.

A presidente da Direcção lembrou que a tradição da Casa é comemorar e celebrar a Vida e ofertou ao escritor uma gravura da Casa da Beira Alta, e uma garrafa de Vinho do Dão. Igual oferta foi feita ao Prof. Arnaldo Saraiva.

A finalizar a sessão, usou da palavra o presidente da Assembleia Geral da Casa da Beira Alta, Dr. António Moniz Palme.Referiu que tinha sido um dia grande para a Casa, enalteceu a lição magistral do apresentante e a simpatia do escritor Manuel António Pina.

No Livro de Honra da Casa da Beira Alta, Manuel António Pina escreveu: «Em dia de regresso (a casa, à infância, e à memória delas), a minha gratidão à Casa da Beira Alta e à sua Direcção por tanta e tão generosa (e beirã) hospitalidade. 12/12/09»