domingo, 31 de janeiro de 2010

O Ano do Pensamento Mágico

No dia 31 de Janeiro, a Casa da Beira Alta levou ao teatro 74 pessoas, para assistirem ao último espectáculo de "O Ano do Pensamento Mágico",peça encenada por Diogo Infante, tendo como personagem única e central, Eunice Muñoz,que num monólogo plenamente assumido pela diva do teatro português e num exercício de contenção, sobriedade e lucidez,dá corpo a uma dor violenta e íntima.
“O Ano do Pensamento Mágico” é o nome da peça que conta a história da noite de 30 de Dezembro de 2003, quando Joan Didion e o seu marido, John, entram em casa depois de visitar a filha, Quintana, internada com uma infecção generalizada. Joan e John sentam-se para jantar e eis quando, no silêncio que se instala, John morre de ataque cardíaco. Esta história mostra a profundidade que só as grandes relações têm e reflecte sobre a doença e a morte, sobre a probabilidade e o acaso, sobre a saudade e o amor.
O Ano do Pensamento Mágico, narrativa escrita para exorcizar a dor e a autocomiseração, para fazer o luto, recuperar os mortos e, finalmente, deixá-los partir. O tema musical, composto por João Gil e interpretado ao piano por Ruben Alves, vai surgindo ao longo da peça,para pontuar as diferentes emoções que preenchem este monólogo.

sábado, 30 de janeiro de 2010

"Tempo de Travessuras" de Octávio Abrunhosa

No dia 30 de Janeiro, às 16h30, realizou-se uma sessão de apresentação do livro " Tempo de Travessuras" da autoria do nosso associado Dr. Octávio Abrunhosa. Dedicado aos seus Pais, sua Mulher e filhos, ele é também dedicado: " À Vila de Moimenta da Beira, minha terra adoptiva, e, muito em particular, a todos os meus companheiros de traquinice".
Para iniciar este encontro de beirões, ali reunidos para o efeito, usou da palavra a Presidente da Direcção da Casa da Beira Alta que saudou o autor pela escrita deste livro de memórias e apresentou a conferencista, Dra. Clara Araújo de Barros, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A Dra. Fernanda Braga da Cruz falou do prazer que a leitura deste "Tempo de Travessuras" lhe proporcionou pelo facto de nele aparecerem referidos termos e costumes beirões que há muito , muito tempo, não ouvia. Citou então, entre outros, o "cobêrto", a quintã, o quinteiro, o arroxo, o desaugar; os jogos tradicionais dessa época: o pateiro, o pião , o arco e a gancheta; o hábito de chamar as pessoas por "ó coiso"/"ó coisa" e ainda o "enganchar" por altura da Páscoa.

Ao usar da palavra, a Dra. Clara Araújo Barros advertiu os presentes de que a sua apreciação era, também, um pouco sentimental, uma vez que tinha o previlégio de ser amiga do autor e conhecer alguns dos lugares referidos no livro. Na sua análise, clara e cativante , referiu o início do livro em que o autor, usando uma prolepse "Estamos en mil novecentos e quatro. Eu ainda não nasci e não virei a este mundo senão daqui a uma vintena de anos, pois meus Pais acabam de se conhecer.", passa, seguidamente,à exposição das suas memórias afectivas: os Pais, a Casa, os irmãos, a Vila " E em Moimenta acabei por viver até aos meus doze anos, estávamos então em mil novecentos e trinta e seis, altura em que a família se mudou para o Porto, pelas razões que mais à frente irei explanar". Numa prosa fluída, clara e, por vezes, coloquial, com um realismo convincente, o autor recria o seu tempo de criança, vivido na pacatez de uma Vila de Província, relata antigos usos e costumes, tradições, aventuras e fala das figuras mais marcantes do seu tempo de rapaz. Sempre que possível, manifesta os seus largos conhecimentos sobre assuntos como a astronomia (" A chuva de estrelas"), a política (" O retrato de Afonso Costa"),entre outros. Com maestria, leva o leitor a embrenhar-se na narrativa e a reviver, de perto, as divertidas peripécias do seu tempo de travessuras.

No final, o autor agradeceu a presença do todos e confessou ter-se emocionado com a análise feita pela Dra. Clara Barros, tão ao encontro das suas vivências, recordações e emoções. Aproveitou ainda para, no seu modo fluente de expor, recordar e referir mais umas memórias da sua infância, os amigos de sempre, as brincadeiras/travessuras, a saudade.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ainda a matança do porco...Casais de Folgosinho e Folgosinho

Do cimo da serra, a paisagem surpreende e deslumbra!Iniciamos a descida para os Casais de Folgosinho e Capela da Senhora de Assedasse por um vale magnífico, num cenário de beleza e paz. O bucolismo do sítio não permite pressas! Compreendemos a razão pela qual os Casais de Folgosinho são candidatos às Sete Maravilhas Naturais de Portugal.
No Casal do Mondego, na Senhora de Assedasse, vive um dos últimos pastores da Serra da Estrela, HERMÍNIO, homónimo dos montes que o rodeiam, homem simples e simpático, isolado da civilização, mas feliz naquele ambiente natural de rara e tranquila beleza.
No Casal da Feiteira, a Sra Conceição dá-nos as boas-vindas com o seu sorriso aberto!

FOLGOSINHO, aldeia incrustada na encosta norte da Serra da Estrela, é uma freguesia do concelho de Gouveia, distrito da Guarda, província da Beira Alta,sede de concelho até 1836, encimada por um Castelo sobre um afloramento de quartzo. Reza a História de Folgosinho que Viriato, nas suas lutas pelos Montes Hermínios, aqui terá passado e vivido. Na fonte do Gorgulhão, os dois panéis que ladeiam a bica, representam Viriato e D. Nuno Álvares Pereira. Um outro, ao centro, tem duas estrofes de "Os Lusíadas", alusivas ao mítico Viriato.A aldeia de Folgosinho é conhecida pelas suas águas puras e cristalinas. Existem onze fontes espalhadas pela terra, decoradas com painéis de azulejos com quadras de cariz popular.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Matança do porco à moda antiga, em Folgosinho

Para tudo é preciso um pretexto: para comer, para viajar, para conhecer outras realidades e culturas, para aprender, para viver... Para a Casa da Beira Alta, o pretexto foi a matança do porco à moda antiga (devidamente legalizada e com a presença do Veterinário). No dia 22 de Janeiro de 2010, às 18h30, um grupo de 26 pessoas deixou o Porto e rumou a FOLGOSINHO para um fim-de-semana gastronómico-cultural. Em parceria com o Sr.Albertino(figura sobejamente conhecida, grande impulsionador do desenvolvimento da aldeia),este evento foi programado pelo Dr. Américo Tadeu, elemento da Direcção da Casa da Beira Alta, natural de Folgosinho, amante das suas tradições, costumes e belezas naturais.
À chegada a Folgosinho, o nosso anfitrião esperava-nos!
A fome apertava! No restaurante "ALBERTINO" esperava-nos a primeira experiência gastronómica!
No dia 23, poucos foram os corajosos que, manhã cedo, assistiram à matança do porco. Mas... o repórter estava lá!Após uma digressão pela aldeia,dirigimo-nos para o restaurante onde iríamos almoçar os torresmos, miúdos e fêveras do nosso porco! Aí, inesperadamente, esperava-nos o Sr. Vereador Joaquim Lourenço de Sousa que, em representação do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Gouveia, simpaticamente saudou o grupo e a iniciativa da Casa da Beira Alta, oferecendo, a cada um dos presentes, produtos e documentos turísticos do concelho de Gouveia.

Durante a tarde, após um repasto porcíno, fomos visitar LINHARES DA BEIRA, aldeia histórica do concelho de Celorico da Beira, um autêntico museu ao ar livre. Hoje conhecida como a capital do Parapente, Linhares da Beira é uma antiga vila medieval,bem conservada. Cada uma das pedras das suas magníficas ruas revela a importância que esta aldeia teve no passado. A igreja matriz,de raiz românica,possui três valiosas pinturas atribuídas ao grande Mestre português Grão Vasco.O seu castelo,Monumento Nacional reconstruído em 1291, durante o reinado de D. Dinis,desempenhou importante papel na defesa da Beira Alta,durante os primórdios da nacionalidade.

O solar Corte Real, construção barroca do séc. XVIII e a Casa Brandão de Melo,edifício neoclássico do séc. XIX, foram recentemente recuperados e adaptados a Pousada do Inatel.No dia 24, após uma noite de chuva, o dia amanheceu seco, embora enevoado. Animados com o facto de não chover e reconfortados com um belíssimo pequeno almoço,partimos, em jeeps, para uma visita à serra profunda, por trilhos sinuosos, não acessíveis ao comum dos automóveis. Não se via vivalma e,os sons, eram os próprios da Natureza.