segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Casa da Beira Alta visita Resende

"Resende, terra de Dom Egas Moniz e Eça de Queirós"

O dia 20 de Junho de 2009 amanheceu calmo e quente!
Cerca de 60 pessoas, beiroas de nascimento ou de alma e coração, partiram do Porto às 8h para uma visita cultural a Resende, “ varanda sobre o Douro”, e “capital da cereja”, como lhe chamam.


Aí chegados, foram recebidos no Museu Municipal, pela Senhora Vereadora da Cultura, prof.ª Dulce Pereira que, em nome do Senhor Presidente da Câmara saudou o grupo e falou da riqueza natural e paisagística, da gastronomia, das actividades e potencialidades do concelho, distribuindo, pelos presentes, documentação turística.

Aproveitou ainda para agradecer a escolha deste concelho e ofereceu à Casa da Beira Alta uma cerâmica da autoria de uma artesã local Lurdes Gomes e o livro “ Douro, Memórias das Caldas de Aregos ” da autoria de Paulo Sequeira e Pedro Ferreira, com Prefácio de António Barreto.
A Presidente da Casa da Beira Alta, Dr.ª Fernanda Braga da Cruz agradeceu a disponibilidade dispensada pela autarquia e ofereceu duas litografias: uma do edifício da sede da Casa da Beira Alta, na Rua de Santa Catarina, no Porto e outra, de uma casa beirã, ambas feitas a partir de dois originais pertencentes a esta Associação e de pintores beirões.

Após esta simpática e agradável sessão de boas vindas, coube à técnica do Museu, Dr.ª Carla Vicente, o nosso acompanhamento e visita guiada.


O Museu Municipal está instalado num edifício datado de 1931, utilizado até 1974 como Cadeia, época em que se extinguiram as cadeias concelhias. Serviu de armazém da Cooperativa Agrícola e de Oficinas da Câmara até 2003. Nesse ano, iniciou-se a sua recuperação e ampliação para Museu, inaugurado em 2006, transformando-se assim, num lugar de acolhimento de memórias e histórias. A Dr.ª Carla Vicente conduziu-nos através das diferentes salas, explicando, pormenorizada e pacientemente, a história local e regional do concelho de Resende.


O espólio abrange Arqueologia e Etnografia do concelho, da Pré-história aos nossos dias: achados arqueológicos, objectos da religiosidade popular, peças de barro negro do último oleiro, mestre Joaquim Alvelos, de Fazamões, ricas faianças dos sécs. XVIII/XX, trajes e adereços tradicionais do séc. XIX, artefactos do ciclo do pão, do linho, da casa rural e da pesca tradicional.

A meio da visita, e, para retemperar as forças, foram-nos oferecidas as afamadas Cavacas de Resende, seu ex-libris culinário, café, chá e água.


Continuando a visita, deparámos com uma sala dedicada ao reputado Eng. Edgar Cardoso, cuja obra realizada, no Porto, faz parte do nosso quotidiano.


Após o almoço que decorreu no Restaurante “ Douro à Vista”, o calor apertava!

Mas tínhamos de conhecer e visitar o Convento e Igreja de Santa Maria de Cárquere, a 6 Km de Resende, onde, segundo a lenda, Egas Moniz depositou a esperança de ver o pequeno Afonso Henriques curado da doença que lhe tolhia o andar desde a nascença.
Aliás, as crónicas dos sécs. XVI e XVII relacionam a sua construção com o chamado “ milagre de Cárquere”...

Onde há história, também há lendas!

E, segundo a lenda, D. Afonso Henriques terá nascido paralítico. O seu aio, D. Egas Moniz, teve um sonho em que lhe apareceu a Virgem e lhe terá dito para ir a Cárquere e cavar em determinado local onde encontraria a sua imagem e os restos do seu santuário. Nesse local, deveriam colocar, sobre o altar, D. Afonso Henriques e passar uma noite em vigília. No dia seguinte Afonso estava curado.

Aí chegados, a Igreja surpreendeu-nos!

Nela são evidentes diferentes estilos e épocas de construção. Se a Torre medieval, ameada, na «sua rústica imponência de atalaia serrana» é tipicamente românica, já a capela- mor, estreita e baixa, é gótica e o corpo da Igreja, de uma só nave, é de estilo manuelino.


Curiosamente, a parte mais antiga de todo este conjunto monumental, situa-se no exterior, junto à sacristia. Aí, ligada à capela-mor por um arco em ogiva, existe uma capela mortuária dos Condes de Resende com quatro túmulos de granito, rudemente talhado, cujas tampas apresentam o brasão
dos Resende.


Na igreja existem duas valiosas imagens, muito antigas. Uma chamada «Senhora Branca», (gótica, em pedra de ançã pintada do séc. XIV/XV – Escola de Coimbra). A outra representa a Senhora de Cárquere, com o menino sentado no joelho esquerdo, que, juntamente com a mãe, abençoa com a mão direita e segura o livro na mão esquerda. É uma miniatura em marfim (29 mm de altura e 14 mm base), devidamente guardada, já que, pelas formas e expressões parece ser visigótica. Existem ainda mais duas imagens com o nome de Senhora de Cárquere, imitando a miniatura: uma em madeira policromada do séc. XVI (no trono do altar-mor) e outra, mais recente, na sacristia, usada nas procissões.


Em seguida o grupo rumou à aldeia de Ramires para se acercar das imediações da Torre que Eça de Queirós imortalizou na sua obra “ A Ilustre Casa de Ramires” e que Videirinha, um dos personagens do romance, canta no “ Fado dos Ramires”:

“Quem te v’rá sem que estremeça,
Torre de Santa Ireneia,
Assim tão negra e calada,
Por noites de Lua cheia…
Ai! Assim calada, tão negra,
Torre de Santa Ireneia!”

O calor continuava a apertar e era preciso percorrer uma distância considerável para lá chegar! Poucos desistiram! Afinal, sempre era possível uma aproximação ao cenário que inspirara o nosso ilustre escritor português, Eça de Queirós! E a possibilidade de um contacto com essa realidade, fez-nos vencer a moleza que o calor da tarde teimava em nos impor!

A meio do percurso… uma fonte de água pura e fresca, deu-nos novo ânimo!
Por entre as árvores da Quinta, surgiu, imponente, a Torre da Lagariça, um robusto torreão militar de planta quadrada, posteriormente adaptada a habitação senhorial, sem que a torre fosse alterada.
A torre, antiquíssima, quadrada e negra, sobre os limoeiros do pomar que em redor cresceram, com uma pouca de hera num cunhal rachado, as fundas frestas gradeadas de ferro, as ameias e a miradoura bem cortadas no azul de Junho, robusta sobrevivência do Paço acastelado da falada Honra de Santa Ireneia Solar dos Mendes Ramires desde os meados do século X” in A Ilustre Casa de Ramires.
A torre e o solar formam um conjunto esteticamente harmonioso, rodeado de paisagem deslumbrante e repousante. Tal envolvimento levou os presentes a divagar e a sonhar!
Quantos projectos! De volta a Resende, ainda foi possível passar pela parte mais actual do concelho, a moderna Fluvina de Aregos.
No final do dia, com cavacas e cerejas, regressámos ao Porto um pouco cansados, mas enriquecidos culturalmente.
Durante a viagem, fizeram-se revisões do que tinha sido visto, leram-se poemas e cantou-se!

sábado, 6 de junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

"Telas e Emoções"

No dia 6 de Junho, pelas 18h30, abertura da Exposição de Pintura de Vicente António da Silva Lopes, intitulada "TELAS E EMOÇÕES".
A Exposição ficará aberta ao público até dia 14 de Junho, das 14h30 às 19h00.